Abri O retrato de Dorian Gray em grande expectativa. O motivo, ser Oscar Wilde uma das personalidades mais intrigantes da história. Lembro-me das palavras de Carpeaux: “Sua vida, foi obra de gênio; e ao gênio a sociedade sempre fez pagar caro a singularidade de sua natureza”. Abri o livro, pois, desejoso da manifestação do gênio. Encontrei. O retrato de Dorian Gray é romance que só pode ser escrito por um grande artista. A começar, pelo enredo: a história é instigante desde o primeiro ao último capítulo. Os três principais personagens do livro estão muitíssimo bem desenvolvidos; amigos, representam faces conflitantes de uma mente genial. A moral é posta à prova, a arte em evidência, as relações sociais em cheque e os dramas psicológicos a faiscar. Basil Hallward, como poucos, retrata a personalidade de um artista. Lord Henry Wotton é personagem com vivacidade impressionante. E Dorian Gray desenvolve-se em arco engenhoso traçado por Wilde. Sobeja na obra a coragem, a acuidade psicológica: o autor não escreve acorrentado, não teme a rejeição. E consegue, assim, expressar-se com sinceridade e potência, entregando personagens singulares e reais. Não há que dizer: Oscar Wilde continuará difamado pelos séculos dos séculos. Mas jamais deixará de ser o que foi: um grande artista.
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