Terras selvagens…

Tsongkhapa, em tradução inglesa:

So the freedoms consist in freedom from the eight unfree states. Among the eight unfree states, the four unfree states of humans are (1) living in a remote and savage land where the four types of followers of the Buddha do not go (…)

Quão lamentável encontrar grande parte do ocidente como “terra selvagem”! Procurando, encontra-se sem muita dificuldade cobras venenosas atravessando rodovias ocidentais; já seguidores de Buda… Contudo, o alvitre é assaz instrutivo, e embora o mais das vezes não seja tarefa simples segui-lo, ampara-o a constatação de que sempre é difícil aquilo que gera satisfação e orgulho duradouros.

Não tendo companhias, convém andar só

Consta no Dhammapada: não tendo companhias, convém andar só. E grave será o erro do homem superior que desleixar a recomendação. Não podendo rodear-se de espíritos mais nobres, — ou, ao menos, semelhantes, — terá de optar pela solidão ou pela destruição de si mesmo. Se arrisca uma conciliação impossível, se cede ao instinto gregário em vez de anulá-lo, então verá, seguidas vezes, suscitar-lhe as manifestações infames que caracterizam os espíritos inferiores, a culminar num estado em que já se lhes não distinguirá. Conseguintemente, terá neutralizadas as potencialidades e, reste-lhe um resquício de tino, terá de encarar as próprias escolhas — quando já não for possível revertê-las — com a mente tomada de arrependimento e frustração.

O homem demoníaco, segundo o Bagavadeguitá

É interessante notar a descrição do homem demoníaco contida no Bagavadeguitá. Embora haja a menção natural ao modelo malicioso e cruel, a ênfase é dada ao ganancioso, materialista, cujo desejo insaciável guia-o na busca incessante de riqueza e poder. Ter isso, ter aquilo; sucesso, ambição; prazer em sentir-se poderoso; vaidade infinita… De tudo isso extrai-se uma visão de mundo luxuriosa e arrogante, que atira o ser em competição para com os outros, dando azo à inveja e à mesquinharia. Um ser que age e não poupa meios para alcançar o que quer: subjuga o mundo ao seu projeto pessoal. Nunca a parcimônia, nunca a frugalidade, nunca a compaixão sincera. Desnecessária a conclusão…

Pelo que faz distingue-se um homem de outro

É lamentável que não seja sensato escrever somente na última etapa da vida, uma vez que não é possível defini-la previamente… Sartre tem razão quando diz que “l’homme est ce qu’il se fait”, e que portanto o ato é o responsável por materializar o gênio, por efetivar potencialidades que, sem a ação, acabariam desperdiçadas. O ato é o esforço voluntário que transforma faculdades em realidade; pelo que faz distingue-se um homem de outro; Dante foi e tornou-se Dante compondo versos, Shakespeare obrando peças; e assim, embora a conclusão possa conduzir a resultados infelizes, não há negar que o mais importante é o agora.