A filosofia é medíocre quando se rebaixa a um concurso de retórica

A filosofia é medíocre quando se rebaixa a um concurso de retórica. Perde o distintivo e passa a ser rasa como um debate político. O filósofo abre mão da sinceridade pela eloquência, gasta-lhe o espírito no vilíssimo convencer. Como enfastia as vazias discussões sobre os “sistemas”, sobre os “métodos”, sobre os “erros” alheios, quando o esforço seria muito melhor empregado, até por uma demonstração de respeito à filosofia, em individualizar e fortalecer a expressividade da própria percepção.

Há seres humanos adaptados e inadaptados

Há seres humanos adaptados e inadaptados, satisfeitos e inconformados, aqueles que gostam da vida e aqueles que acham-na um incômodo. Os que vivem, os que pensam; conforto, desconforto; esperança, desilusão. Pode haver, no ser humano, ambas as dimensões; pode ser que as não haja. Estranha observar o consenso velado de que haja um “normal”. A verdadeira pergunta é: como conduzir as diferentes e naturalíssimas disposições mentais? Respondendo-a, notaremos que se extrai valor do equilíbrio e do caos.

A democracia quer a si mesma como a grande protetora do indivíduo

A democracia quer a si mesma como a grande protetora do indivíduo. Possui “freios e contrapesos” para coibir o abuso e a exploração. Engraçado! Pois se lhe analisamos o filho legítimo, isto é, o político democrático, notamos o seguinte: num regime democrático, não há freios contra a estupidez! Vamos ver. A que se dedica o político democrático? estuda? prepara-se para o cargo que pretende exercer? qualifica-se, de alguma maneira, para executar alguma função? comprova, de alguma maneira, a própria capacidade antes de subir ao posto? Negativo. O político democrático dedica-se, apenas, a conquistar votos. Para eleger-se, basta que compre apoio ou invista em marketing. Qualquer outro esforço é improfícuo e pouco inteligente. Imaginemos, agora, uma medida antidemocrática: o sujeito, para ser candidato, precisa ser aprovado numa prova de capacitação. Urros! berros! Tornar analfabetos inelegíveis seria uma agressão à soberania do povo! E assim, a história parece escancarar que o indivíduo está sempre, sempre em posição de vítima — na democracia, sobretudo, vê-se açoitado pela burrice popular.