De prancheta na mão ante a desgraça

Complicações de alguém de sonhos raros, quando existentes, desconexos, vagos, abstratos, que sempre se resumiram em imagens mudas e, agora, passa a deparar-se frequentemente com assaltos de infinitas variações da desgraça. Ganha o estudo da psicologia. Interessante notar como o racional perde força a medida que o sono aprofunda-se e, num estado de semiconsciência, apresenta-se em vigor. A moral, também, mostra-se claramente dependente do juízo ou, em outras palavras, da manifestação psicológica racional. Há, também, uma claríssima distinção entre a atuação de impulsos inconscientes nos diferentes níveis de sono. Quando induzido em estado de semiconsciência, o sonho é dotado de um caráter drasticamente mais real. Oh, linhas insossas!…

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A multidão é essencialmente covarde

Sempre que me deparo com a agressão em massa contra um indivíduo noto, em primeira instância, a desigualdade do combate. Foi-se o tempo dos duelos; foi-se a noção de que a honra, mesmo aviltada, exige o combate leal. A multidão é essencialmente covarde por valer-se da opressão numérica. Constato que, ainda que o indivíduo tenha feito qualquer coisa de condenável, eu jamais serei capaz de urrar vendo-lhe a cabeça a rolar. Rechaço, sempre e obrigatoriamente, o berro repugnante da multidão. Nunca estarei ao lado da turba impessoalizada, do somatório de covardes que se escondem sob a máscara de uma “causa comum” para agredir.

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O indivíduo repele o grupo

O homem capaz de enxergar a singularidade de sua existência jamais será capaz de aderir a nenhum tipo de grupo organizado, exceto por interesse. As circunstâncias que lhe formaram o caráter e moldaram-lhe a personalidade, erros, fracassos, arrependimentos… tudo isso somado inviabiliza qualquer senso de pertencimento coletivo. Aderir a um grupo é simplificar a complexidade da própria experiência, desonrando-a, diminuindo o valor das lições que aprendeu à força, sendo indigno da própria resistência.

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A democracia acabará enforcada pelos democratas

O diagnóstico é antigo:

A maior desgraça da democracia é que ela traz à tona a força numérica dos idiotas, que são maioria na humanidade.

Tento imaginar o que Nelson diria presenciasse nossos dias de internet e redes sociais. Nas principais democracias do mundo, a liberdade de expressão já não é plena: há opiniões proibidas, há censura. A massa de idiotas aniquila tudo quanto a desagrada escutar. Nunca houve tamanha facilidade para que o ódio se organizasse e encontrasse meios de ação. As turbas digitais revoltam-se, empenham-se pelo juízo prévio de valor e logram, fatalmente, privar alguns do direito de falar. Destroem facilmente carreiras, reputações, trabalham com afinco imensurável pela ruína total dos objetos do seu ódio. O capital cede, é avesso à polêmica, arrepia só de pensar no detrimento da própria imagem. E a democracia não faz senão lhes validar a fúria, posto ser o regime em que maioria implica direito, denota razão. Cientistas sociais debatem: como barrar a ação do ódio organizado? Como impedir que a moral vigente, mais uma vez, sufoque metodicamente as manifestações dissidentes? Difícil… Muitos e muitos ainda serão honrados com as chamas da fogueira deste tempo. O ódio é o impulso humano mais potente, não cede enquanto não consuma a própria obsessão. Continuarão a odiar, odiar, odiar, até que a democracia acabe enforcada pelos democratas.

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