Em sonhos brinca a consciência de causar remorso

Em sonhos brinca a consciência de causar remorso. Lidera o ato cruel, força a manifestação atroz para, então, condenar, afligir, fustigar. Ente perverso… Consuma em mente aquilo que em vida se não realizou, realça no imaginário quanto causa repulsa, engendra um universo onde a ação denota dor moral. Não satisfeita em reproduzir metodicamente o ato infeliz, diverte-se impelindo um arrependimento real daquilo que jamais se passou…

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O mito de Sísifo, de Albert Camus

O ontem que se repete metodicamente, o esforço diário e o tempo, longo tempo… Então irrompe na mente fatigada: “Por quê?” — subitamente, o ser percebe-se diante de uma encruzilhada: ou neutraliza imediatamente a manifestação do espanto e torna à costumeira letargia, ou terá de defrontar a questão que atropela todas as outras. Se a vida não é justificável, se o esforço diário é inútil, se a morte é condenação peremptória, a razão exige o suicídio. Há saída? Como encontrar solução diferente? Absurdo! A mente demanda resposta de um ente mudo, quer assimilar o ilógico pela razão, recusa-se a admitir a própria impotência. Mas precisa de uma resposta para existir. E se não é capaz de calar-se e simplesmente aceitar a realidade imponente, vê-se forçada a encarar ativamente a própria sina. Imprescindível o suicídio? a supressão imediata da dor e do esforço é a decisão mais sensata? Não, diz Camus, há a revolta.

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A compreensão da natureza humana exige o distanciamento da razão

A compreensão da natureza humana exige, repetidas vezes, o distanciamento da razão. Negar as manifestações irracionais do ser humano e dos fenômenos externos implica, ademais de arrogância, a limitação do próprio entendimento. A razão, o método experimental, ambos apresentam-se limitados enquanto ferramentas da apreensão da realidade. Reconhecê-lo é simplesmente estar de olhos abertos. O conhecimento exige humildade, reconhecimento das próprias fraquezas, coragem para enveredar por território estranho. Jung, ciente das possibilidades da razão, — e, sobretudo, ciente de sua força, — buscou no estudo das religiões, da mitologia e da magia medieval as respostas que seu método analítico jamais seria capaz de entregar, por excederem-lhe o escopo. Tornou-se talvez o psicólogo mais brilhante de todos os tempos. Para muitos, porém, desertor. E permanecem os muitos em sua estupidez prepotente e monumental.

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