Desejo um feliz natal a todos e muita paciência àqueles que terão de sentar junto a algum familiar desagradável.
Serão muitos?
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Desejo um feliz natal a todos e muita paciência àqueles que terão de sentar junto a algum familiar desagradável.
Serão muitos?
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I- Não se consegue, definitivamente, muito mais que saber o assunto de um livro ao executar as técnicas que se convencionou chamar de “leitura dinâmica”. Diria que este tipo de leitura é exatamente o que Mortimer Adler chamou, em How to read a book, de “leitura inspecional” — a primeira de três leituras que devem ser feitas em um livro.
II- Livros devem ser lidos vagarosamente, com calma, enquanto se anota observações e destaca-se trechos. Um bom livro só se entrega com esforço.
III- Vale a recomendação de Rodrigo Gurgel: nunca se deve avançar no livro se algo não foi compreendido. Deve-se voltar e reler quantas vezes forem necessárias.
IV- A “leitura dinâmica”, entretanto, pode ser usada a decidir se um livro merece ou não a leitura.
V- Releio os tópicos acima e percebo: nada há de novidade; tudo já foi dito e repetido exaustivas vezes por bons leitores. Por que, pois, ainda se fala em “leitura dinâmica”?
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Li, por esses dias, o nosso Paulo Coelho dizendo que o Ulysses inteiro resume-se em um tuíte. Parece ele ter feito a afirmação em 2012. O livro, a quem não conhece, é quase uma unanimidade na crítica. Nossa Folha de S. Paulo, por exemplo, deu-lhe o título de maior romance do século XX. Confesso: sou traumatizado com Ulysses; há alguns anos, abandonei-o pela página 400. Durante a leitura, fui torturado, desde o início pensando em fechá-lo; porém, sempre concedendo cem novas páginas de crédito ao autor. Pois o fechei, irritadíssimo e convicto: “isso não é literatura”. Então peguei algo de Dostoiévski. Foi mesmo há bons anos atrás. E hoje repenso: sempre que me vejo convicto, logo me vejo um idiota. Ulysses é literatura. Não voltei ao livro, mas estou certo de que é, e que eu simplesmente não tinha capacidade para lê-lo. “O livro não diz nada…” — diz muito. Leopold Bloom é desprezível, está certo. Mas quantos o não são? Penso em Eça. Já muito se taxou os personagens de Eça como frívolos. Olho em redor. A literatura é, também, a arte da linguagem. Que dizer de Eça e James Joyce neste quesito? E volto: que mais a realidade se parece: frívola ou impregnada de sentido, quase a estourar de tanto sentido? As pessoas passam o dias em banalidades, morrendo como moscas, ou fazem história de segunda a sexta? Exercem funções inúteis ou marcam época a cada dia? Então penso em meus textos: trágicos, de um moralismo feroz. Não serei eu o oposto de Eça, o oposto de Joyce e, quem sabe, o oposto de um artista?
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Vejamos o que Augusto dos Anjos — o mais original poeta da literatura brasileira, segundo Carpeaux — nos ensina sobre a natureza humana:
Como um pouco de saliva cotidiana
Mostro meu nojo à Natureza Humana
A podridão me serve de Evangelho…
Amo o esterco, os resíduos ruins dos quiosques
E o animal inferior que urra nos bosques
É com certeza meu irmão mais velho!
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