Só, de Olavo Bilac

Olavo Bilac

Vamos deste belo soneto de Olavo Bilac:

Este, que um deus cruel arremessou á vida,
Marcando-o com o signal da sua maldição,
— Este desabrochou como a herva má, nascida
Apenas para aos pés ser calcada no chão.

De motejo em motejo arrasta a alma ferida…
Som constância no amor, dentro do coração
Sente, crespa, crescer a selva retorcida
Dos pensamentos máos, filhos da solidão.

Longos dias sem sol! noites de eterno luto!
Alma cega, perdida á toa no caminho!
Roto casco de náo, desprezado no mar!

E, arvore, acabará sem nunca dar um fructo…
E, homem, ha-de morrer como viveu: sósinho!
Sem ar! sem luz! sem Deus! sem fé! sem pão! sem lar!

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