Se algo ensinam as várias biografias da revolta, é que se pode evitar a sociedade, o contato e até a vida até certo ponto a partir do qual o esforço não é somente inútil, mas gerador de uma retaliação violentíssima, que de outra forma não sucederia. Quer dizer: neste mundo, há um limite em que é melhor assumir de bom grado algumas condições inerentes da existência, antes que elas sejam impostas; é melhor aceitá-las e trabalhar sobre elas, em vez de empregar um esforço desnecessário para vencê-las, sabendo de antemão que tal esforço irá malograr.
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O que arrasa o orgulho dos acadêmicos
O que arrasa o orgulho dos acadêmicos é ter de constatar, contrariados, que uma vida dedicada aos estudos fora da academia é infinitamente mais proveitosa à aquisição de conhecimento em praticamente qualquer área. É constatar que, não havendo de limitar-se às diretrizes estipuladas pela academia, o estudante emprega o tempo muito melhor. Com os anos, os resultados tornam-se escandalosamente evidentes e evidenciam, também, a natureza da motivação inicial.
É o esforço, diário e vitalício, por tornar-se…
É o esforço, diário e vitalício, por tornar-se aquilo que se deseja o que dignifica a existência. E embora o ideal poucas vezes seja plenamente alcançado, a aproximação, a depender da pureza e solidez do desejo, já é um êxito fenomenal.
Novamente o remorso…
Diz Leopardi:
Sopra ogni dolore d’ogni sventura si può riposare, fuorchè sopra il pentimento. Nel pentimento non c’è riposo nè pace, e perciò è la maggiore o la più acerba di tutte le disgrazie.
Incrível notar que, noutras palavras, idêntica afirmação já se encontra nestas notas: é mesmo o remorso extremamente doloroso e invencível, atuando como um grilhão inamovível do espírito, contra o qual nada se pode fazer. Mas o curioso é notar a conclusão idêntica, alcançada por vias diversas e independentes, que se não expressa uma verdade duas vezes descoberta, talvez denote experiências semelhantes ou, ainda, espíritos que a elas reagem semelhantemente.