Toda relação virtuosa que pode haver…

De Leopardi:

Chi ha disperato di se stesso, o per qualunque ragione, si ama meno vivamente, è meno invidioso, odia meno i suoi simili, ed è quindi più suscettibile di amicizia per questa parte, o almeno in minor contraddizione con lei. Chi più si ama meno può amare.

Em verdade, toda relação virtuosa que pode haver entre dois seres humanos fundamenta-se naquilo que contraria o amor-próprio, isto é, na modéstia, na benevolência e no despego de si. Sem tais virtudes, nada feito, e as relações não serão jamais algo além de um terreno de interesses e disputas cujos envolvidos ganham muito menos do que podem imaginar.

É verdade que o estudo muitas vezes desvenda…

É verdade que o estudo muitas vezes desvenda a complexidade de matérias as quais o homem comum nem suspeita serem complexas. Essa descoberta, contudo, embora com justeza possa reclamar cautela, jamais deve ter efeito paralisante sobre o espírito, que afinal terá de se decidir. O mesmo ceticismo empregado por alguns como ferramenta indutiva da melhor escolha, é por outros empregado como escudo — eficacíssimo — para uma inata incapacidade de escolher.

Há sempre algo muito positivo…

Há sempre algo muito positivo nestas situações extremas e incontornáveis, que forçam a tomada de decisão. Tais momentos escancaram, primeiramente, a coragem e a covardia perante a necessidade de decidir; depois e sobretudo, as prioridades, que se estavam antes mascaradas por qualquer motivo, agora já não se podem camuflar, e a anterior astúcia ou indecisão subitamente desaparecem, tomando-lhes o lugar uma inequívoca e impreterível escolha que se impõe prenunciando as consequências que acarretará.

Nada é mais destrutivo para a consciência…

Nada é mais destrutivo para a consciência que a prática diária do ato esvaziado de sentido, cujas consequências não são experimentadas por aquele que o executou. O distanciamento da realidade resultante é tão extremo que acaba por anular a noção do indivíduo, anulando consigo a moral e a possibilidade de evolução. Não se reconhecendo, não se reconhece o outro, não se reconhece o passado, não se reconhece a vida. Desaparece, portanto, a necessidade de viver.