Diante do que não conhece…

Melhor faz aquele que, diante do que não conhece, cala-se em vez de duvidar. E se não sente confiança na percepção, e se realmente lhe interessa o objeto do desconhecimento atual, que estude, que escute e que, sobretudo, queira conhecer. E que assim permaneça por quanto tempo seja necessário, estudando, escutando e querendo. Um dia, talvez, conhecerá; e valorizará o conhecimento adquirido. Se, contudo, não vier a conhecer, ao menos se terá mantido numa postura que o jamais poderá envergonhar.

Toda filosofia que aposte na individualidade…

Toda filosofia que aposte na individualidade correrá o risco de ser desvirtuada pelas massas. A filosofia que, como a de Nietzsche, estimula o indivíduo a afirmar-se, concretizando a própria vontade no curso de uma vida, exige um leitor individualizado e rejeita veementemente a generalização. Uma filosofia assim pressupõe a consciência da própria unicidade e a existência de uma motivação fundamental e intransferível, sem a qual fica o ato injustificado e com a qual pode-se quase tudo. Não se pode exigi-lo do homem comum…

Um sólido conhecimento do homem

O maior valor da psicologia, e mesmo da filosofia, consiste em fornecer um sólido conhecimento do homem para que o indivíduo que as estuda possa empregar-se com segurança na condução da própria vida ou, noutras palavras, para que possa empregar-se com segurança no direcionamento consciente da própria vontade. O estudo do homem é válido enquanto permite o estudante entender-se, descobrir-se e, finalmente, ser o que quer. Conectando-se com a própria vontade, chega o momento em que o estudo limita-se a fornecer motivos para a sua reafirmação.

Realidade próxima

A consciência de que a morte nunca está tão distante quanto se gostaria ou, antes, de que é uma realidade próxima, infunde no homem um senso de responsabilidade e urgência que, de outra forma, não pode ser alcançado. Tais qualidades são indispensáveis em grandes espíritos; sem elas, a escala de prioridades se distorce, o ato se posterga ou, no mínimo, não se executa com a devida seriedade. A grande obra é sempre precedida da percepção de sua importância e da necessidade de sua realização.