“Il s’agit de se réaliser”

Mais uma de Lavelle:

Tout le secret de la puissance et de la joie est de se découvrir et d’être fidèle à soi dans les plus petites choses comme dans les plus grandes. Jusque dans la sainteté, il s’agit de se réaliser. Celui qui tient le mieux le rôle qui est le sien, et qui ne peut être tenu par aucun autre, est aussi le mieux accordé avec l’ordre universel : il n’y a personne qui puisse être plus fort ni plus heureux.

O mais curioso desta verdade, expressa por Lavelle da maneira mais clara e direta que se pode conceber, é que ela só pode ser compreendida por aquele que a vivenciou em algum grau. “Il s’agit de se réaliser” — e são tão variados os meios pelos quais se pode fazê-lo, que é dificílimo captá-lo como experiência comum, como talvez necessidade, destino e dever individual. O pior é ver que, em muitos casos, não há ninguém além do próprio indivíduo capacitado a identificar e julgar “le rôle qui est le sien”.

Ideias não morrem com facilidade

Juan José López Ibor nota em 1951 que, pelo menos desde 1945, já havia quem considerasse a psicanálise algo “definitivamente muerto. Polvo y ceniza”, em seguida declarando: “el ciclo psicoanalítico está terminado”. E, no entanto, aí está… O que mais impressiona neste, e noutros casos, é notar que não faz a menor diferença que uma ideia, uma teoria, uma doutrina seja refutada e destruída intelectualmente: uma vez concebida, sua sobrevivência obedecerá a fatores outros que não a sua solidez no campo intelectual.

Vencida a admiração inicial…

Vencida a admiração inicial, imaginar os estados de êxtase descritos por Nicolae Steinhardt quando encarcerado é algo assaz instrutivo. Após deixarmos de questionar a plausibilidade dos relatos, ou melhor, após as aceitarmos, percebemos que é justamente na carência mais extrema, no sofrimento mais agudo que se pode encontrar o alívio supremo. Quando a vida se reduz aos seus rudimentos, vê-se claramente o mais importante, vê-se quanto nessa vida há de supérfluo, aquilo que a justifica e aquilo que se há de conservar. Mas a graça, sobretudo, é constatar que a miséria mais extrema e mais sufocante não é absoluta, nem a última palavra.

A árvore se conhece pelos frutos…

A árvore se conhece pelos frutos; mas o ato humano, não sendo uma árvore, melhor se conhece pela intenção. Está muito bem dito que não se apanham uvas dos espinheiros, e que figos não brotam de uma erva daninha; contudo o homem, sujeito sempre em maior ou menor medida ao incontrolável, nem sempre produz o que dele se espera ou aquilo que quer. Daí que, em seu caso, ater-se aos frutos não basta, e pode muitas vezes conduzir-nos ao engano.