É incrível notar como a poesia, da metade do último século em diante, tornou-se praticamente ilegível. Ilegível e ruim, salvo raríssimas exceções que parecem pertencer a outro tempo. Não adianta, nem com a máxima boa vontade supera-se o problema: a poesia contemporânea, quando muito, aparenta interessante, ilude quando dotada de uma obscuridade que parece guardar algum tesouro. Enfim, o esforço para compreendê-la nunca compensa. É lamentável.
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Ainda que beirem o irreal e o inconcebível…
Ainda que beirem o irreal e o inconcebível, sem dúvida os textos místicos são leitura mais agradável que a mesquinhíssima literatura do banal. Porque aquela, como as lendas e como a literatura fantástica, possui um teor sugestivo muito mais estimulante do que este realismo corriqueiro, que faz com que a leitura aparente uma tremenda perda de tempo. Se é para imergir nas letras, que seja para que a mente se expanda, e não para que se aprisione naquilo que não carece nem de letras, nem de imaginação.
A melhor literatura é, sempre…
A melhor literatura é, sempre, aquela mais conectada com a experiência direta, sobre a qual se apoia a individualidade do autor. Por mais e melhor que idealize, o seu espírito se mostrará mais intenso quando a descrever não aquilo que imagina, mas o que conhece. E é por esse motivo que, em muitos casos, é a biografia que abona o autor.
A literatura hindu, cuja real exuberância…
A literatura hindu, cuja real exuberância as traduções existentes ainda não são capazes de revelar ao ocidente, já não pode inspirar senão tremendo respeito ao ocidental que a investigue. A verdade é que, por vezes, um texto hindu imaginativamente pobre e precariamente traduzido já é capaz de evocar uma realidade tão impressionante que só empregando toda a sua capacidade imaginativa o ocidental pode conceber. É admirá-la, pois, ainda que o apreendê-la possa parecer inviável ou inconveniente.