Resposta a Augusto dos Anjos

Resposta a Augusto dos Anjos

Leio o soneto de Augusto dos Anjos, intitulado Perfis chaleiras:

O oxigênio eficaz do ar atmosférico,
O calor e o carbono e o amplo éter são
Valem três vezes menos que este Américo
Augusto dos Anzóis Sousa Falcão…

Engraçado, magríssimo, pilhérico,
Quando recita os versos do Tristão
Fica exaltado como um doente histérico
Sofrendo ataques de alucinação.

Possui claudicações de peru manco,
Assina no “Croquis” Rapaz de Branco
E lembra alto brandão de espermacete…

Anda escrevendo agora mesmo um poema
E há no seu corpo igual a um corpo de ema
A configuração magra de um 7.

Respondo:

No vasto cosmos multiplanetário
Encontra-se um sujeito num recinto:
Lhe ferve a testa, falta-lhe o instinto,
Pois fisga verbos frente a um dicionário.

Mas que vergonha! Artistinha ordinário!
Enquanto escreve bebe vinho tinto…
Acordo. É sonho! E m’escapou, pressinto,
Outro enigma do meu imaginário…

Mas eis que vejo a cena por completo:
Eu mesmo empunho a caneta, risonho,
E firmo logo abaixo do soneto:

Luciano dos Anzóis Sousa Falcão.
É isso! É isso! E a moral deste sonho:
Também não sou ninguém, querido irmão!

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