Há uma diferença notável entre ter uma “causa” e querer impô-la ao resto dos homens. É possível dizer, a princípio, ser tal diferença o caráter. Porém, também se pode dizer que, mais seja verdadeiro o sentimento inspirado pela “causa”, mais sejam seus “benefícios” claros na mente de quem a possui, mais será natural o impulso de querer que outros homens também a tenham, ou a “desfrutem”. Aqui, pois, chegamos à imposição. Não há como interpretá-la, independentemente de como se dê sua prática, ou de como esteja alicerçada, senão como uma violação primária, um ataque direto à liberdade do indivíduo. A imposição nunca será nobre e, após perpetrar-lhe a tirania, já não se poderá chamar homens livres aqueles que a sofreram.
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Atropelar a preguiça
É simplesmente deliciosa a sensação que experimentamos quando, diante de uma tarefa complexa que necessita ser refeita em decorrência de um pequeno erro, tendo contra nós a mente, a qual aponta razões infinitas para livrar-se do novo esforço, atropelamos a preguiça, refazemos a tarefa e, finalmente, somos premiados com um resultado muito superior ao antecedente. É curioso notar o quanto é virtuosa e determinante a iniciativa nestes casos. O problema se coloca, tudo parece aconselhar-nos evitar o novo esforço; e, se o fazemos, segue-se um longo remorso proveniente da falha, proveniente de não termos feito melhor aquilo que o permitia. Em contrapartida, se tomamos a via oposta e o resultado nos premia, somos tomados por um misto de alívio e satisfação. Feliz aquele que jamais ceder à preguiça…
A obsessão moderna com a sexualidade
A obsessão moderna com a sexualidade, que a reputa questão de primeira categoria e não consegue, não suporta meia dúzia de palavras que não evidenciem seu caráter primordial no ser humano, só faz validar as velhas, desagradabilíssimas e antipopulares afirmações de numerosos pensadores ao longo dos séculos que notaram distanciar mais o homem superior do homem comum do que este de um cão. Escancara-se, para dizer como Pessoa, uma diferença de qualidade, uma repulsa inevitável, e ao primeiro parecerão sempre desprezíveis e degradantes as preocupações do segundo.
Parece a economia um problema tão lógico…
Quando lemos alguns economistas, parece a economia um problema tão lógico e tão simples que realmente assusta a estupidez daqueles que a regem no mundo real. Hoje, há uma quantidade mais do que suficiente de exemplos históricos de medidas econômicas que se provaram frutíferas ou desastrosas, de forma que, na imensa maioria das vezes ou, melhor dizendo, no que tange às diretrizes macroeconômicas, não poderia haver dúvida sobre como deve agir aquele que tencione a prosperidade. Mas então parece o pragmatismo teórico absolutamente inaplicável à realidade, em que interesses os mais diversos, quais mesquinhos, quais ingênuos, perversos ou irresponsáveis são colocados em primeiro plano, em detrimento daquele objetivo, já enfraquecido e distante, que deveria nortear todas as medidas econômicas. A conclusão é só uma: o elemento humano inviabiliza qualquer equação.